Carta ao meu pai...

Hoje pai,

Acordei pensando em ti.

Fechei os olhos e me deixei levar por

emoções indescritíveis.

Eu revivi minha infância humilde. Os tempos difíceis em

que você batalhou junto com a mamãe para dar nosso sustento.

Lembrei-me de minhas sete irmãs, todas pequeninas, (apesar de umas

serem meninas, outras já quase mulher).

Recordei o nascimento de meu irmão e a expressão nítida de felicidade em teus olhos, ao vê-lo chorar pela primeira vez.

Sabe pai,

Eu me lembrei também, dos tempos em que eu andava descalça e tu brigava aquela briga de cuidado, porque tinha receio que um espinho furasse meu pé.

Tão doces lembranças eu tenho pai, de minha infância ao teu lado!!!

Éramos cúmplices. Íamos 'a roça juntos, tirávamos o leite da vaca... enquanto todos me criticavam dizendo que isso era "coisa de menino".

E tu ria, até quando me via trocar a boneca pelo cavalo de pau. A saia pela calça jeans...

Me emocionei muito, pai,

ao relembrar os banhos de chuva que tomávamos juntos em tardes calorosas. E as noites de inverno em que dormíamos abraçadinhos.

Eu percebi, pai

Que minha infância foi tão simples quanto a de qualquer morador do sertão pernambucano. Mas eu vi tudo como se fossem cenas de um longa-metragem inesquecível, digno de todos os oscars possíveis, pois materialmente nos faltava muito, mas Deus sempre nos recompensava em amor.

E hoje, pai,

Por onde andas?

O que faz agora?

E tua saúde, como está?

Teus cabelos estão branquinhos?

E aquela sopa que você detestava e dizia: "Aceito, apenas para fazer favor 'a cozinheira", já aprendeu a apreciá-la? rs

Ah, meu pai,

A vida dá voltas!!

Mas eu estou aqui.

Continuo sendo a "tua moleca"

e desejando um abraço teu a cada amanhecer.

Maria Souza